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Na saída, aprendizados para o resto da vida

Extensão universitária mostra aos alunos novas realidades e possibilidades da comunicação

Originalmente publicado no jornal Plural.

Revisado pelo professor José Carlos Fernandes (Zeca).


O Núcleo de Comunicação e Educação Popular (Ncep) e suas diretrizes extensionistas têm contribuído fielmente para a aproximação entre universidade e sociedade, tão necessária nestes dias em que a produção acadêmica é alvo constante de ataques políticos e desinformação. Mas que impactos reais o projeto tem feito nas nossas vidas e na vida das pessoas?


Nós que participamos da gestão 2020, ampliamos, diariamente, a nossa visão sobre comunicação e o comunicar. Afinal, do que vale a informação se ela não chega para todos? Ela é real se calamos a periferia e grupos marginalizados na hora de retratar a realidade? No Ncep, não aprendemos uma forma alternativa de produção midiática, vivemos na pele o que é, ou pelo menos o que deveria ser, a produção midiática, em uma relação de troca com nossos parceiros.


O projeto surge com as ferramentas necessárias (oficinas, equipamentos, rodas de conversa) e eles produzem materiais de um impacto singelo, mas muito visível. Nosso trabalho é, semanalmente, fazer a comunicação chegar em lugares que não encontram espaço na mídia homogênea de forma democrática. É dar um impulso para que esses grupos possam contar suas histórias: gravar um podcast, produzir uma revista ou publicar até mesmo um livro de crônicas.


Além desses impactos no público, o Ncep marca a vida dos extensionistas de forma singular. Todo ano é uma tristeza diferente quando algum aluno deixa a gestão para explorar novas experiências na graduação. Quando saem, a experiência da extensão em comunicação popular e educomunicação vai junto, na bagagem. Carregam os efeitos desse pilar da Universidade Pública nas aulas, nas pesquisas e nos estágios. É impossível não se sensibilizar com o trabalho dos nossos parceiros e com a sua busca por um mundo melhor.


E é isso que também aprendemos e queremos alcançar, como jornalistas, publicitários ou relações públicas. Mônica Santos, estudante de jornalismo, por exemplo, quer “escrever, documentar, informar em uma linguagem que todos entendam, que não exclua ninguém”. Para a Giovana Frioli, aluna do mesmo curso, o Núcleo possibilitou enxergar a comunicação como “um potencializador das discussões sociais e das reflexões sobre o acesso aos direitos, […] e que deve ser feita em parceria e em conjunto com seu público, a fim de aproximar e humanizar”.


Engana-se quem acredita que se doar para um projeto de extensão vai prejudicar o desempenho em outras atividades acadêmicas. “Foi um relacionamento recíproco entre as aulas e o núcleo. As disciplinas me fizeram pensar mais abertamente sobre as oficinas, e os projetos trouxeram sentido e motivo para o conteúdo teórico. O núcleo também me moldou como pessoa”, conclui Tayane Melo, estudante de Publicidade e Propaganda, curso estigmatizado pelo viés mercadológico da profissão.


É comum que estudantes se surpreendam com o outro lado dessa forma de comunicar quando integram a gestão do projeto. Com o Marcos Eduardo, não foi diferente: “O Ncep me fez ver a publicidade além do olhar mercadológico, esse olhar de vendas. […] Quando as atividades começaram a rolar, entendi que existe um lado muito mais humano na comunicação e na publicidade”. Ele acredita que foi a experiência mais completa e enriquecedora que viveu dentro da Universidade.


A relação entre comunicação, poder público e periferias também passa a ser vista com outros olhos depois que conhecemos nossos parceiros, surge uma nova percepção da vida em comunidade e de seus desafios enquanto população invisibilizada. Para Hiago Rizzi, o aprendizado tem sido útil em seu trabalho: “Entender que a cidade também é feita de periferia e que o poder público está falhando com as comunidades enquanto tenta construir uma imagem de qualidade de vida, […] me faz a cada dia colocar em cheque para quem estou comunicando.”


* Todos os relatos colhidos são de ncepers das gestões 2018 e 2019, de quem recebemos conhecimentos e trocamos experiências. A todos que já fizeram parte do Ncep, nossa admiração, agradecimento e torcida por sucesso.

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