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CEUC ainda não recebe mulheres com necessidades especiais, mas estuda projeto de acessibilidade

Além de tornar o espaço acessível, projeto também visa a segurança em caso de incêndios


A Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná (Suinfra) em conjunto com a Diretoria Executiva da Casa da Estudante Universitária de Curitiba (Ceuc) estão desenvolvendo um estudo para atender as demandas estruturais do espaço. No projeto, constam obras para adequar a Casa às determinações de segurança do Corpo de Bombeiros e a readequação estrutural para atender pessoas com necessidades especiais.


Anabel Oliarski, presidente da Ceuc, conta que o projeto está sendo discutido desde 2017. As mudanças contemplam todos os andares do prédio, desde os espaços comuns até as entradas para os quartos. Para substituir a escadaria de acesso à casa, uma plataforma de elevação será instalada. Nos andares, os banheiros serão ampliados, substituindo espaço da atual cozinha. Em um dos rascunhos do projeto, há alterações quanto aos dois elevadores: um será substituído e outro retirado para abrir espaço às portas corta-fogo.


Em agosto deste ano, a CEUC completou 65 anos de existência e recebe mulheres de todas as regiões do país. Por pertencer à UFPR, as moradoras pagam uma mensalidade simbólica de 25 reais destinados à compra de produtos de limpeza e custeio de reparos emergenciais da casa; a Universidade paga água e luz, além de ceder funcionárias para cuidar da limpeza do térreo e primeiro andar, e seguranças no período noturno.


Os critérios de ingresso é ter fragilidade socioeconômica comprovada, não ter pais residentes em Curitiba e ser estudante matriculada da graduação na UFPR. Embora tenha capacidade para abrigar 132 moradoras, ainda não há como receber mulheres com alguma necessidade especial. Só para ter acesso à entrada da casa, é preciso subir nove degraus. Dentro do prédio, outros obstáculos: não há nenhum banheiro adaptado, muito menos portas que atendam as medidas necessárias para que um cadeirante passe. Outro problema é a ausência de portas corta-fogo na casa, o que a torna insegura em casos de incêndio. Para diminuir o risco, uma das medidas tomadas no início do ano foi a troca dos fogões à gás por elétricos.


“Hoje, dentro do movimento das pessoas com deficiência, nós dizemos que o local sem acessibilidade que é deficiente e não a pessoa” - Junior Ongaro, presidente da ADPF.


Embora a Ceuc ainda não tenha recebido mulheres com deficiência física, algumas moradoras já relataram dificuldades de locomoção pela casa quando se lesionaram. Tais Manfredini, moradora desde o começo do primeiro semestre, sofreu um acidente no Restaurante Universitário da UFPR que prejudicou sua mobilidade. Ela conta que dependia sempre de alguém para subir ou descer a escadaria de acesso à Ceuc. “Era impossível fazer as coisas sozinha, sempre dependia de alguém. Fora a dor, né?”.


Leila Mariano Alves, engenheira civil da Suinfra, é a responsável pela fiscalização do projeto. Segundo ela, como o estudo não está finalizado, é provável que ainda sofra alterações. “Depois do desenvolvimento eles ainda precisam ser aprovados na Comissão de Análise do Patrimônio Cultural da Prefeitura Municipal de Curitiba e do Corpo de Bombeiros”, aponta.


A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência entrou em vigor em 2015 e é destinada a assegurar e promover o exercício dos direitos e liberdades fundamentais à pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social. Conforme a lei, a acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços de uso público ou privados de uso coletivo.


Junior Ongaro, vice presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná, lembra que todos têm o direito de ir e vir. Para ele, se um local for totalmente acessível, a pessoa com deficiência poderá interagir normalmente com o ambiente, deixando de ser vista como diferente. “E não só para cadeirante, mas para deficientes visuais, pra quem precisa de muletas, ou até para a mãe que carrega seu filho em um carrinho”, completa.

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