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Com 159 dólares, já é possível editar DNA em casa

Em preparação para o futuro, biólogos americanos ensinam como editar genomas de bactérias fora dos laboratórios

Foto: Reprodução/The Odin
Foto: Reprodução/The Odin

Biólogos americanos ligados ao movimento BioHacker reascenderam a discussão sobre a ética envolvida na engenharia genética. Pela internet, comercializam um kit com todo material necessário para edição de genomas de bactérias em casa. No site The Odin o produto é vendido por 159 dólares.


Não é preciso ter um laboratório ou ser especialista em genética, basta ter um tempo livre em casa e seguir as instruções que acompanham o kit. A lista de ferramentas enviadas é extensa, incluindo desde luvas de nitrilo e tubos de micro centrífuga, até bactérias não patogênicas de E. Coli. Para quem não sabe ou não se recorda, o micro-organismo Escherichia coli é o responsável pelos mais variados surtos de diarreia e infecções urinárias que existem hoje.


As informações do site transmitem certa segurança na compra do material. A qualificação de sua equipe é alta, agrupando cientistas em biologia e Ph.D.s em genética, nanotecnologia e biologia molecular. Os idealizadores acreditam em um futuro dominado pela engenharia genética e na autonomia que cada indivíduo terá para manipular seu próprio gene.

Sempre polêmico, Josiah Zayner, além de CEO e fundador da The Odin, é o principal idealista do movimento BioHacker. Em declaração ao BuzzFeed, Zayner confessou querer viver em um mundo onde pessoas, após uma noitada, editem seu gene ao invés de fazer uma tatuagem. Afirmou também que no futuro, editar seu genoma será tão fácil e comum quando baixar um aplicativo no smartphone.


Em seu mundo idealizado, o CEO espera que as pessoas consigam inclusive potencializar características físicas com os kits de manipulação genética, mesmo que não sejam especialistas na área.

 

Os ativistas BioHacker propagam a edição de genomas de forma autônoma, partindo da premissa de que o futuro será dominado pela engenharia genética. Longe do exclusivismo acadêmico das pesquisas cientificas, seus ativistas buscam acessibilidade aos procedimentos laboratoriais. Os kits vendidos fazem parte de um grande projeto que prepararia as pessoas para o futuro, ensinando-as como manipular seus próprios genes em casa.


Para os brasileiros que desejarem integrar o movimento, a compra do kit ainda é uma realidade burocrática e geograficamente distante. Além das restrições legais que regulamentam a importação de materiais genéticos com fins comerciais ou para pesquisa, o site não entrega no Brasil.


Talvez no futuro idealizado pelos BioHackers, seja possível a edição de genoma humano no conforto dos lares brasileiros. Quem sabe até incentivaria um remake do clássico da teledramaturgia O Clone. Neste caso, não haveria grande destaque para o personagem do geneticista Augusto Albieri (originalmente interpretado por Juca de Oliveira), afinal, o clone de Lucas (Murilo Benício, no original) poderia ser feito até por Jade com seu kit nas duas do deserto do Saara.


*Fait diver originalmente produzido para a disciplina de Redação Jornalística I. Abril de 2019.

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